quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O bar da pílula


Cada dia as pessoas se superam.
Depois de ver profissionais colocarem a culpa nos pacientes que não melhoravam, de ler sobre o Barco do aborto, do restaurante do ataque cardíaco, eis que vem agora o bar da pílula.

A Anvisa multou na semana passada, em R$ 300,00, o Bar QG, um bar badalado de Maceió freqüentado por jovens e estudantes, pois ele trazia no seu cardápio a oferta de anticoncepcionais, pílulas do dia seguinte para os seus frequentadores. E não parou por aí. De quebra, lucrava ainda coma venda de outras drogas, também disponíveis no seu cardápio como analgésicos e antiácidos.

Essa notícia foi veiculada por alguns sites da net (veja aqui), na Isto É e na Folha de São Paulo.

O propietário ainda afirmou que a situação não passou de uma brincadeira com seus garçons e que vai recorrer da decisão da Anvisa.

Agora vejam. Os canais de comunicação veiculam as notícias e não estimulam o senso crítico das pessoas chamando atenção para as reais preocupações que a situação impõe, que são o uso indevido de medicamentos, inclusive associados ao álcool, a banalização da pílula do dia seguinte, o incentivo indireto a prática de relações sem o uso de preservativos (sendo por isso necessário lançar mão da anticoncepção), a exposição das mulheres a doses hormonais elevadas que complicam seus ciclos menstruais e ainda da venda insdiscriminada de medicamentos sem qualquer monitoramento ou fiscalização dos órgãos competentes.

São atitudes que vão na contramão do que se propõe como política de saúde para prevenção de agravos, para o controle da transmissão do HIV, para a redução do índice de gestações indesejadas e até na adolescência, para a banalização do uso de drogas sem orientação médica com riscos de complicação e até auxiliando na difusão de doenças sexualmente transmissíveis, pois, na medida em que o sujeito não se preocupa com uma possível gravidez, dada a disponibilidade das pílulas, termina por praticar sexo sem segurança, sem o uso de preservativos. Fatos que só colaboram para incrementar negativamente números que lutamos por reduzir.

Chego a pensar que vale mais a pena abrir um buteco para vender medicamentos. Pelos menos, terão a certeza de haver público e consumidores periodicamente (e quem sabe transformar as farmácias em bar??? ahhhh esquece!)

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