quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Como ficar doente
Em primeiro lugar, há que se escolher uma doença pouco complicada. Uma doencinha, digamos. Não vamos complicar muito as coisas. Pode ser muito bonito e encher a boca, mas um diplococus assemiático ou uma renhite gastrointestinal é coisa pra gente grande e, pé de pato, mangalô três vezes, geralmente acabam em besteira da grossa.
Sejamos docemente comuns. Fiquemos numa gripe. Não resfriado, que esse se tira de letra. Dizem. Gripe. Gripe biguana. Daquelas de derrubar. Combinado assim?
Então vamos à segunda parte da questão.
Onde ficar doente? Onde ser derrubado por uma baita gripe? Em qualquer parte daquele que já foi chamado de Terceiro Mundo e, agora que tirou o mestrado virou Mundo em Desenvolvimento, é melhor não.
Quer dizer, há médicos de escola e escolaridade superior, mas mesmo assim eles ainda não conseguiram um remédio garantido para o gripe. Ou sequer o resfriado. Receitam aspirina, ou paracetamol (só para mostrarem que se pegaram um diploma no Mundo Desenvolvido), muito líquido e descansar. Ficar de molho, em sumo.
Sim, sim, há vacinas. Não conheci uma única pessoa, com qualquer idade, broto ou provecto, que uma vez vacinada tenha chegado até os amigos e, com um sorriso idiota na carona, tenha dito, "Eu estou completando esta semana 6 anos sem gripe ou resfriado". Filho da mãe. Como se fossem 6 anos sem botar um cigarrinho na boca, cheirar uma fileira ou se injetar com heroína. As vacinas antigripais são uma lenda urbana propagada pelos laboratórios. Para variar. Marcam um dia da semana, você vai até o consultório, nem vê o médico, e é vacinado por uma enfermeira que invariavelmente acrescenta depois da picadinha, "Tá vendo? Não doeu nada."
Minha senhora, por mim poderia doer pra burro, contanto que funcionasse. Que eu não fosse obrigado a ficar cuidando de não pegar um vento encanado ou me molhar na chuva.
Resumindo: não ficar gripado na República Democrática do Congo, mesmo em semana sem genocídio. Gripe é para a Zona Sul carioca até, no máximo, 1965. Ou então Nova York, Roma, Paris e Londres nos dias que saudavelmente (canalhas) correm. Em qualquer cidade onde Chanel tenha um estabelecimento comercial devidamente estabelecido e concorrido. Não vai adiantar nada para a gripe, mas não deixa de ser reconfortante saber que, em algum ponto da cidade, há uma loja da Chanel.
Sejamos francos. Ficar em casa 3 ou 4 dias seguidos, sozinho, com a gata te estranhando, é sacal. Duro mesmo. Os olhos lacrimejam, os ouvidos se fazem surdos ao som gordo em altíssima fidelidade no aparelho novo, onde não há CD de jazz com matriz recuperada e digitalizada que diga alguma coisa.
Lá está, numa tarde de segunda ou terça-feira, na sala, a televisão em LCD, alta definição, 37", som surround, mostrando jovens que um dia serão "celebridades" falam inanidades, com voz de débil mental, para crianças não muito ladinas também. Impossível ver a reserva de coisas gravadas. É uma afronta aos olhos e à sensibilidade. Livro? Nem pensar. A programação é diferente.
Tossir o mais baixo possível, mesmo que seja o tempo todo, para não assustar a gata, que, como você, já não é lá tão jovem assim. Desistir de ir ensopando lenços e - assumamos nossa condição -- pegar um lençol de uma vez. Não conferir em hipótese alguma se a febre lhe faz companhia. Claro que você está febril. Eu falei que era gripe e não resfriado. Melhor, no entanto, não piorar as coisas. Há que se tentar fingir-se de forte.
Só mais um copinho de suco de laranja. Não falam que fruta cítrica é o melhor remédio para essas coisas? Então... Seguido desse ótimo recém-descoberto de lixía. Não esquecendo do de papaia. Pena que o de uva (Welch's, claro) tenha acabado.
Ao menos, na terça-feira fez um solzinho e a temperatura estourou lá pelos 14 graus dos nossos. Segunda foi uma barra. Gripe em casa e chuva lá fora, essa combinação letal nem o Tito Madi resolvia.
Não lutar contra a vontade de se esparramar no sofá. Depois de uma boa chuveirada, roupinha limpa (nunca usar pijama quando gripado), passar a colônia Ach. Brito portuguesa em doses cavalares pelo corpo todo. Você pode não sentir o cheiro. Mas ele está lá. Esperando - mais: estimando - as suas melhoras. Como Chanel.
Pode capotar descansado entre 4 e 5 da tarde de um dia de semana. Afinal, você está gripado. Por alguns dias, com sorte horas, o mundo girou em torno de você. Embora ninguém tenha visto ou ligado e apenas você sentiu o delírio. Só pode ter sido o raio da febre.
Transplante de traquéia é evolução da medicina
Cláudia sofria de sequelas de uma antiga tuberculose pulmonar que prejudicou seriamente sua traquéia e pulmão esquerdo. A possibilidade do transplante surgiu como uma opção à retirada cirúrgica do pulmão esquerdo e envolveu profissionais de vários países como Itália, Espanha, Portugal e Inglaterra.
O grande lance da realização do transplante não foi a coragem da equipe e de Cláudia em se submeterem a um procedimento até então pouco testado, mas ao pioneirismo da técnica que evitou a risco de reijeição pela implantação de células tronco da própria paciente no órgão trasnplantado.
Isso é um marco na medicina pois aumenta as possibilidade de realizar novos transplantes com menores riscos de reijeição, com a redução do uso de drogas para o tratamento pós-transplante e com a possiblidade de se aventurar na transplante de outros órgãos e tecidos do corpo humano.
A traquéia do doador foi lavada para remoção das células antigênicas capazes de estimular a resposta de rejeição do organismo. Após esse procedimento, foram então aplicadas células-tronco medulares da própria paciente na traquéia selecionadas através de um bioreator na Itália. A tra´quéia então pronta e moldada, foi transplantada na cidade de Barcelona e Cláudia passa bem, com riscos quase nulos de acontecer uma rejeição do órgão.
Apesar de terem logrado êxito no transplante, a Sociedade Portuguesa de Transplantes e outros órgãos, mesmo felizes com o sucesso do procedimento, preocupam-se com o custo envolvido para realização da cirurgia que fora elevado, o que desde já configura uma barreira ao acesso de outros pacientes em iguais necessidades e pode ainda causar pressão nos órgãos governamentais e demais instituitos de saúde exatamente pelas pessoas que dependem de procedimentos como esse para sobreviver.
(*) Mais notícias aqui, aqui, aqui e aqui!
Atualizando: Essa notícia do transplante usando células tronco da própria paciente fica ainda melhor com a notícia de que Pesquisadores da UFRJ conseguiram multiplicar células tronco com um biorreator que está sendo considerado o aparelho mais moderno do mundo e é capaz de dobrar a produção de células tronco embrionárias.
(**) Por notícias como essas é que os cientistas brasileiros estão sempre envolvidos nas maiores descobertas do mundo
O hospital mais antigo do mundo
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Impressionante: efeitos do cigarro no nosso corpo em experiência
(*) Post especial para os meus amigos fumantes. Larguem esse vício!
(**) Tiago, Lucas e Tom Bar, novamente nõ esqueci de vocês!