quinta-feira, 31 de julho de 2008

Itabuna: Substituição de profissionais e prejuízos na saúde

Muito semelhante ao que eu havia postado anteriormente sobre a gestão da saúde de Ilhéus, não diferente (ou até pior) acontece com o município de Itabuna.

O município também recebeu o TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) do MP para regularizar a situação dos recursos humanos da Secretaria de Saúde. O que segue diferente do cenário ilheense é que o município de Itabuna realizou um novo concurso público e o gestor municipal assinou documento comprometendo-se a convocar pelo menos 90% dos trabalhadores aprovados no concurso.

A situação em Itabuna chama mais atenção no SAMU 192. Os profissionais contratados estão sendo substituídos pelos aprovados no concurso público, porém, os trabalhadores que passam a compor o quadro do efetivo não possuem o treinamento necessário para atuação em serviço.

Há que se destacar que todos os trabalhadores do SAMU 192, conforme preconiza a Política Nacional de Atenção às Urgências passam por capacitações e treinamentos criteriosos para qualificação da atenção pré-hospitalar a que o serviço se destina. São treinamentos específicos para médicos e enfermeiros socorristas, técnicos de enfermagem, condutores-socorristas, TARM´s (técnicos auxiliares de regulação médica) e rádio-operadores, que garantem dinâmica do serviço e respondem pela credibilidade que o serviço tem apresentado Brasil afora.

Os funcionários ora dispensados, carregam com si toda uma bagagem de investimentos financeiros em treinamentos e capacitações que foram investidas pelo município, sem contar que eram esses mesmos profissionais os responsáveis por atividades de educação continuada e pelas atualizações técnicas dos trabalhadores do SAMU 192 de Itabuna.

Vale observar que os trabalhadores aprovados no concurso público e que estão sendo convocados a assumir as vagas que por direito lhes pertencem, da forma como está sendo operado o processo, terminam também sendo vítimas da desorganização administrativa instalada e terão que pegar o bonde andando, adentrando em serviços com alto grau de especialização nas suas atividades (caso do SAMU 192), sem nenhum treinamento prévio ou sem qualquer planejamento de investimentos em capacitações para qualificação da atuação em serviço.

Enquanto isso, os jornais locais noticiam que a prefeitura de Itabuna está convocando pessoas que foram reprovadas no concurso público ou que nem realizaram a prova, fatos que por si só já denunciam como o processo de convocação e substituição dos trabalhadores está sendo conduzido. Nesse momento, assemelha-se a Ilhéus que utiliza como válido o resultado do concurso realizado pelo gestor anterior (Jabes Ribeiro), onde superado os limites de convocação, terminam por permitir o ingresso em serviço de profissionais que foram reprovados no concurso por não atingir pontuação suficiente.

Mais uma vez reafirmo que cautela nos processos de mudança são necessárias sob pena de prejudicar ainda mais as atividades dos serviços que já operam de forma insuficiente e não gozam de credibilidade junto à população. Todos os dias ouvem-se notícias da saúde de insatisfação dos trabalhadores, de atrasos de salários, de deflagração de greves, situações que só pioram a administração da rede de serviços de saúde. Nesse conturbado cenário, quem termina por pagar a conta é o usuário que precisa dos serviços do SUS.

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