segunda-feira, 9 de março de 2009

Bolsa família e o tiro saindo pela culatra?

Foi divulgado (aqui e aqui) que o Bolsa Família, sub-programa do Fome Zero, criado para apoiar as famílias a sairem da linha de miséria e combater a desnutrição infantil, tem registrado uma elevação de casos de obsesidade nas crianças acompanhadas pelo programa, sendo que em algumas localidades já há inversão da relação desnutrição/obesidade com número de crianças obesas superior ao de desnutridas - situação das regiões sul e sudeste do país.

Segundo o mapeamento realizado sob dados do programa, em dezembro de 2006, 11% das crianças de 0 a 9 anos atendidas pelo Bolsa-Família estavam desnutridas no Sul e no Sudeste, ante 10,4% com risco de sobrepeso. Essa relação se inverteu em dezembro do ano passado - são 10,2% de desnutridas ante 11,3% obsesas. Isso significa termos hoje, no total das crianças acompanhas pelo programa, mais de 300 mil crianças com sobrepeso, fato que marca o momento de transição nutricional por qual passa o Brasil, assemelhando os seus números aos de países desenvolvidos como os Estados Unidos onde já há altíssima prevalência de pessoas com algum grau de sobrepeso e obesidade.

Se analisarmos mais profundamente, poderemos inferir das famílias inclusas no programa que elas estão mantendo pessímos hábitos alimentares com a aquisição e incorporação de alimentos artificiais nas suas rotinas e hábitos alimentares, uma vez que nenhuma família vai ficar rica com o teto de R$ 182,00 reiais mensais que pode ser pago pelo programa por família.

Esse é ainda um cenário paradoxal que impõe o Brasil enfrentar duas realidades completamente distintas e às veszes até antagônicas: de um lado crianças desnutridas com complicações e retardos do seu processo de desenvolvimento e, de outro, casos de obesidade infantil, diabetes, hipertensão, problemas de pele e dislipidemias.

Tenho certeza que essa ainda não era uma perspectiva que fora visualizada no momento da conformação das políticas nessa área. Esse é mais um indicativo da necessidade de rever as prerrogativas e metas de acompanhamento do programa e incorporar preocupações com a mudança do perfil nutricional do brasileiro. Não queremos miseráveis e desnutridos, mas também não podemos conviver com um sem número de obesos e contribuir para elevar os números de complicações por doenças cardiovasculares no Brasil.

Devaneio: será que vem por aí o Bolsa Dieta???

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