segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Dor de barriga não é para o SAMU

É assim que acontece diariamente. As pessoas tem algum problema, discam logo o 192. Para aqueles que recebem o socorro, sucesso: O SAMU é MARA!. Para aqueles que recebem um não, o SAMU não presta.

Essa é a dura realidade dos serviços pré-hospitalares móveis públicos, caso do SAMU 192. O mal uso do serviço tem causando graves transtornos para aqueles que fazem a sua administração e indiremtamente para a população que é a principal beneficiária do serviço.

O SAMU 192 que foi criado em 2003 como um dos elementos da Política Nacional de Atenção às Urgências, tem como finalidade proteger a vida das pessoas e garantir a qualidade do atendimento pelo SUS, oferecendo, além do suporte de emergência pré-hospilatar com profissionais qualificados, uma retaguarda hospitalar para atenção a esses casos de urgência e a possiblidade de organizar e gerir todos os demais elementos também componentes dessa política como unidades de saúde, hospitais, rede privada de serviços, programas de saude da família entre outros.

O grande problema é que a população em geral desconhece como funciona e opera o serviço do SAMU nos locais em que estão inseridos. Na maior parte dos casos, os serviços são instalados e a população não é educada ou instruída sobre como funciona o serviço e/ou como ela deve se portar para colaborar com o funcionamento dessa rede.

O que acontece então? Utilização equivocada do SAMU, com chamados não compatívies com a missão para que foi criado. E veja, as pessoas quando se defrontam com algum problema de saúde, principalmente se for de alguém próximo, eles querem dar um jeito no problema e procuram no SAMU uma solução mais viável e rápida para o seu problema.

São chamados as vezes para dores de cabeça há três dias, dor de barriga, garganta inflamada e muito mais. E "ai" do médico regulador se negar o envio da ambulância para esses casos - provavelmente vai escutar alguns desaforos via telefone. Já quanto aos trotes, nem se fala, sendo os escolares do ensino médio os grandes campeões dos falsos telefonemas.

Nesse cenário, os serviços ainda defrontam-se com interferências político partidárias para direcionar as ambulâncias para situações particulares também não compatíveis com as premissas do serviço e com a possibilidade de dar assistência a situações de gravidade comprovada - como traumas, tiros, facadas, acidentes automobilísticos - em função do mal direcionamento do serviço.

Algumas pessoas chegam a fazer ligações para a central 192 apenas para poder conseguir consultas mais rápidas nos pronto-socorros dos hospitais, utilizando erroneamente do privilégio de acesso do SAMU na condução de pacientes, o que pode terminar por desacreditar o serviço em sua missão.

A população precisa ser orientada sobre o funcionamento do serviço e os objetivos para os quais ele foi criado, caso contrário situações como as descritas acima tende a se agravar ainda mais.
É preciso deixar claro inclusive que uma assistência à saúde de forma integral acontece em serviços de saúde com acompanhamentos subsequentes de uma equipe especializada. Os atendimentos emergenciais só dão conta daquele momento e não oferecem garantia de resolver problemas no médio e longo prazo.

Enquanto medidas educativas não forem adotadas, os mais de 130 serviços instalados nos mais de 1000 municípios do Brasil continuarão atendendo chamadas emergenciais para extração de unhas encravadas ou para curar a ressaca do bebum que encheu a cara no final de semana.

Se alguém duvida, passa um dia no SAMU. Desafio!

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