segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sexo seguro não existe!

Eis que o tema foi levantado durante uma aula de Educação em Saúde com meus alunos na faculdade.

Inicialmente, é preciso deixar claro que sexo seguro e sexo protegido não são a mesma coisa!

Erroneamente, existe uma série de documentos e conteúdos na própria web que trazem informações como essa e que só desvirtuam ainda mais a compreensão daqueles que se arvoram a discutir a temática e tentam difundir boas informações com o objetivo de evitar o aumento do número de casos de DST´s.

Segurança é uma palavra de difícil aplicabilidade no que diz respeito a práticas preventivas em DST. Vejam que segundo o The Free Dictionary segurança "é um estado de ausência de perigo, de certezas e convicções". Ainda pesquisando no sabe-tudo, o tradutor da internet Babylon, trouxe a seguinte definição para sexo seguro:


"sexo seguro (também chamado de sexo protegido) é um conjunto de práticas que têm como função reduzir o risco de infecção durante a relação sexual, de modo que impede o desenvolvimento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Dessa maneira, o sexo não-seguro seria a relação sexual sem o uso de qualquer contracepção de barreira ou outras medidas para prevenção de DSTs" (grifo meu)
E aqui o que vos digo é o seguinte: sexo seguro não existe. Existe sim sexo protegido feito com o uso do preservativo (masculino ou feminino), fato que aumenta as chances da pessoa não contrair uma infecção sexualmente transmissível e até evitar uma gravidez indesejada, mas mesmo assim, não traz 100% de eficácia para ser considerado seguro. Vejam que a eficácia do preservativo fica em xeque quando há mal uso na colocação ou quando é associado a lubrificantes com base de óleo que danificam a sua estrutura, podendo causar rompimentos e reduzindo as chances de se evitar a concepção ou a infecção sexual.

Entretanto, quando bem utilizado, a eficácia do preservativo é de mais de 95% de proteção numa relação sexual e não podemos banalizar a grande importância do seu uso no controle da pandemia de HIV/aids, com o Brasil figurando nesse cenário com excelência.

Outros sites quando consultados, falsamente diziam que o sexo seguro só aconteceria em relações monogâmicas ou com pessoas sabidamente virgens e que não tiveram qualquer tipo de passado ou histórico sexual que as comprometam.

Vejam que não podemos nem falar em abstinência sexual como um comportamento a ser adotado para controle e prevenção da transmissão de DST´s, haja vista que mesmo pessoas virgens, especialmente mulheres, podem desenvolver infecções fúngicas (caso da candidíase) sem ter tido qualquer tipo de expoisição sexual, mas se mantiverem práticas sexuais desprotegidas com seu(s) parceiro(s), tornam grandes as possibilidades de infectá-lo e/ou adquirir um novo patógeno causador de outra DST.

Não há como confiar também em relatos de parcerias que afirmam nunca teram apresentado qualquer sinal ou sintoma realcionado a DST, pois algumas patologias podem passar largos períodos (vários anos) sem apresentar qualquer indício que possibilite sua investigação e diagnóstico, caso das DST´s virais como a hepatite B, o HPV ou o herpes vírus.

Todos nós temos vulnerabilidades de exposição ao risco de contrair algumas DST´s. Alguns têm um risco acrescido, casos daqueles que são usuários de drogas (injetáveis ou não), que tem vida sexual promíscua, mantém relações sexuas com vários parceiros sem uso de métodos de proteção como a camisinha. Portanto, a negociação do uso do preservativo, mesmo nos casamentos e nas relações monogâmicas mais duradouras, é a medida mais eficaz para evitar as concepções indesejadas e a infecção sexual e isto não deve ser encarado como ponto de discórdia ou desconfiança nas relações, mas sim como atitudes de zelo e de adoação de hábitos de vida mais saudáveis e responsáveis.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2000, já recomendava o preservativo masculino como o único método que, comprovadamente, reduz o risco de todas as infecções sexualmente transmissíveis, inclusive a Aids.

A população em geral precisa ser educada e orientada em bases sólidas de conhecimento. Não adianta veicular a informação de práticas sexuais seguras quando elas não existem. É preciso "vender o peixe" que existem práticas sexuais com proteção, com preservativo, e essas são as atitudes sexuais que precisam ser encorajadas e estimuladas.

Deixo claro que defendo o uso do preservativo no ato sexual sob quaisquer circunstâncias, diferente do cardeal colombiano Alfonso Lopez Trujillo que em 2003 gerou polêmica alegando de forma infeliz a não existência de sexo seguro com o preservativo, numa tentativa clara de boicotar o incentivo ao uso do método como forma de controle e combate ao avanço da pandemia do HIV/aids pelo mundo.

Ele acertou quando afirmou que sexo seguro não existe com preservativo, pois trata-se de sexo protegido, mas errou ao tentar diminuir experiência vencedora no combate e controle ao HIV, ainda que não comprovado cientificamente, mas respaldado epidemiologicamente pelos números que são apresentados, caso contrário e sem o preservativo nos atos sexuais, a uma altura dessas, a população africana já teria sumido do mapa!

(*) Agradecimentos aos alunos de Enfermagem do 3º semestre da Faculdade de Ilhéus que motivaram as discussões para o tema
(**) Estão vendo que abstinência sexual não é a única saída?!?!! (;D)

2 comentários:

Alexandro Gesner disse...

Interessantíssima abordagem.
No mesmo sentido, falar em segurança no trabalho também não é apropriado já que os cuidados implementados não ELIMINAM as possibilidades de acidentes, apenas reduzem os riscos.

Brasil Empreende disse...

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