quinta-feira, 26 de junho de 2008

Tive dengue três vezes! Uhuuuu!!!

Não é brincadeira, é comemoração mesmo! Do jeito que as coisas andam, pensamentos como esse são positivos: dengue três vezes e finalmente estou imune. Lembro dos tempos em que se corria com as crianças para colocá-las ao lado de mulheres com rubéola e evitar desconfortos futuros.

Mas a verdade é que, a ca
da dia fico mais preocupado com essa epidemia de dengue que está assolando o município de Itabuna. Ontem mesmo, durante uma festa com alguns amigos, tivemos a “grande felicidade” de matar dois mosquitos do Aedys, o que foi motivo de discussão por toda a tarde.

Brincava com meus colegas que não deveria estar preocupado, pois já peguei dengue três vezes, e até que me apresentem o quarto sorotipo viral (não encontrado ainda no território nacional), estou imune a essa situação. Mas não é bem assim que penso. Existe uma coletividade que precisa de intervenções governamentais, sanitárias, de saúde pública, para tentar conter esse progressivo avanço que pode causar sérios prejuízos a população local.

Itabuna e Ilhéus figuram no cenário nacional já por três anos consecutivos, desde 2005, como cidades que apresentam elevados índices de infestação predial (IIP). No ano de 2008, Itabuna registrou junto à SESAB (Secretaria de Saúde da Bahia) um índice de 9,5, elevadíssimo comparado ao preconizado que é abaixo de 1. E vale lembrar que no ano de 2006 o IIP de Itabuna foi superior a 17, noticiado Brasil afora.

O que espanta é que já por três anos consecutivos observamos o quão lenta é a ação de controle e combate a dengue, uma vez que esses números têm-se repetido. Permite-nos inferir uma falta de planejamento no serviço ou que não atribuem a devida importância que o tema merece frente ao impacto que causa na população. O fato é que sempre com a chegada do período quente e chuvoso, o que não é muito incomum na nossa região, aumentam os criadouros dos mosquitos e deflagra-se a epidemia.

Foi noticiada a criação do Disque-Dengue, um Ambulatório Especializado, seleção de agentes de endemia entre outras ações paliativas, que apenas reduzirão momentaneamente esse alarde criado em torno da elevação desses números de casos de dengue.

É necessário realizar ações preventivas e educacionais com a população justamente fora do período crítico de elevação do número de casos. Sempre que a bomba estoura, fica fácil atribuir à população a responsabilidade pelo aumento desses números. Esquecem por vezes que o acúmulo de lixo nas ruas, a falta de pavimentação e condições sanitárias mínimas são agravantes dessa caótica situação.

Não se trata de tentar achar culpados, mas de somar esforços. Uma população sofrida e descrente das ações da gestão, provavelmente não assimilará as metas e objetivos das políticas a serem implementadas. A melhor fórmula para alcançar êxito nas ações de controle e combate a dengue é o governo apresentar resultados positivos também em outras áreas que estão necessariamente interligas e investir ainda mais em ações educativas, pois não se enganem, a população é inteligente, ora assimila e dissemina informações e práticas, ora boicota, emperra e dissimula outras, tudo atrelado a avaliação que faz do organismo gestor.

Enquanto isso, para aqueles que já tiveram dengue por três vezes, muitas felicidades, vocês são “vencedores”. Para aqueles que não... (rsrs).

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